11 novembro, 2009

VISTA GERAL DA FÁBRICA « RIO AVE »
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( Photografia colhida em 1906) - cliché de J. ADRIANO.
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Breve história da COMPANHIA RIO AVE.
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Com a fundação do Banco do Porto, surgiu a ideia de aplicar à indúsria nacional parte do seu capital. Após diversos estudos, tomou-se a iniciativa da criação de uma empresa com a designação "Companhia Industrial e Agrícola Portuense", estabelecendo-se uma fábrica de algodão e linho e outra de moagem de cereais nas margens do rio Ave, nos lugares de Formariz e Retorta, em Vila do Conde.
Assim, em 1878 iniciaram-se os trabalhos de tecelagem desta fábrica com apenas oito teares de diferentes sistemas, chegando aos trinta e quatro teares mecânicos e seis manuais, em 1887. A energia necessária ao accionamento da fábrica provinha da utilização de uma roda hidráulica quando o caudal do rio assim o permitia, e uma máquina a vapor vertical na estiagem.
Apesar do aumento do número de teares, a Companhia atravessou sempre enormes dificuldades financeiras, nunca se tendo chegado sequer a instalar a secção de fiação.
Como sequência da permanente crise em que vivia, foi apresentado um projecto de reorganização e cessada a sua existência, passando todo o seu património a integrar uma nova empresa denominada "Companhia Rio Ave".
Foi assim que principiou, em 1888 uma nova era para a antiga Companhia que tinha como finalidade definida pelos novos estatutos a fiação, torcedura, tecelagem, branqueação e tinturaria.
Apesar de algumas vicissitudes, como o violento incêndio que deflagrou e destruiu toda a oficina de fiação, em 1899, levando à necessidade de parar a laboração durante um ano, a empresa não parou de prosperar, empregando naquela data 300 operários. Participando com distinção nas grandes exposições industiais da época, consegue colocar quase toda a sua produção no mercado interno, exportando o excedente para Luanda e Benguela, em África. A este desejado sucesso, não será alheia a sua excelente localização geográfica, próxima da barra de Vila do Conde e distando apenas 900 metros da estação de caminho de ferro.
Em 1910, o maquinismo que tem instalado é do mais moderno, movido por uma máquina a vapor da força de 400 cavalos e alimentada por duas caldeiras tipo Lancashire.
Segundo o "Boletim do Trabalho Industrial", em 1911 faz parte da lista de fábricas com melhores condições higiénicas e fabris. Também é considerada uma das que no país mais atenção e desvelo tem dedicado ao bem dos seus operários, possuindo uma cooperativa de consumo para venda dos principais géneros alimentares, escola primária para ambos os sexos, creche, escola de música e ensino profissional para os seus operários, caixa (gratuita) de socorros médicos e farmacêuticos devidamente organizada, um corpo de bombeiros e habitação social. Para tal, aproveitou e adaptou a 10 habitações a antiga fábrica de moagens que possuía em frente à fábrica, na margem oposta do rio Ave, arrendando-as por 800 réis mensais.
Assim, podemos afirmar que a Companhia Rio Ave, tendo sido a primeira indústria têxtil de Vila do Conde, foi pioneira nas preocupações sociais com os seus funcionários, tendo um papel importante no processo da industrialização da região da Bacia do Ave.
A Companhia Rio Ave fechou portas no dia 27 de Maio de 1972.
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FONTE - Dr. LILIANA PEREIRA ( arqueóloga )

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